domingo, 28 de dezembro de 2008

O retorno dos que não foram...

Lembra dos pinguins? Aqueles que chegaram ainda no "inverno" baiano? Pois é... Eles já estão há mais de 120 dias no Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e continuam tendo tratamento vip por parte dos biólogos, veterinários e estagiários. São as 40 aves ainda remanescentes do enorme grupo que aportou nas praias baianas, principalmente nos meses de julho e agosto deste ano. Uma parte deles foi devolvida ao habitat, depois de reabilitados. Os remanescentes permanecerão em Salvador durante o verão e só deverão ser soltos no mar em março de 2009.

Já se vai longínquo o dia da chegada do primeiro visitante ilustre de uma grande leva de pingüins-de-magalhães, vindos do Estreito de Magalhães, na Argentina, seguindo a rota para as águas litorâneas do Atlântico em busca de alimentos. No caminho, as correntes não ajudaram e os pingüins – que já visitavam as águas da costa brasileira há algum tempo, mas nunca em tamanha “galera” – perderam a rota e aportaram por aqui.

No total, 1.650 animais apareceram em águas baianas, quase todos jovens. Boa parte deles – quase a metade – não resistiu à viagem tão desgastante e morreu. A outra parte – 848, com exatidão – ficou sob os cuidados do IMA. Eles chegaram às praias baianas debilitados, desidratados, anêmicos e com hipotermia (temperatura do corpo abaixo do necessário). Necessitavam de cuidados especiais. “Fizemos o melhor que pudemos todo esse tempo. Empenhamos nossa equipe num trabalho sobre-humano”, afirma Raquel Velozo, médica veterinária do IMA. Cada animal era tratado individualmente, com atenção especial. Ao que parece, os cuidados resultaram em êxito. “Conseguimos soltar 400 pingüins, algo nunca feito por qualquer outra instituição na América do Sul”, afirma a bióloga do IMA, Sheila Serra. “Nem o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram), na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, que está mais próximo da Argentina e é uma instituição referência quando se fala de pingüins, recebeu tamanha quantidade de animais”, observa Raquel Velozo. O trabalho do IMA resultou na devolução de 400 pingüins-de-magalhães para as águas. Via aérea – A volta dos “gorduchinhos” para o mar aconteceu em outubro, com direito a viagem no estilo presidencial: num avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O vôo partiu de Salvador no dia 2 de outubro em direção a Pelotas e de lá para a cidade de Rio Grande.

Sheila Serra, bióloga do IMA, descreve a cena, emocionada. “Lá na praia, onde passa a corrente certa para levá-los ao Estreito de Magalhães, nós fizemos um imenso curral. Era uma quantidade enorme de pingüins, porque havia animais de outros estados também. A soltura foi linda”, conta. Os pingüins, antes de ir ao mar, receberam anilhas (anéis) para que, caso voltem, sejam identificados. E esta possibilidade não está de todo descartada. É a Bahia...desde Pedro Álvares (ou não) na rota dos desorientados...

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